Rótulo

Eu não entendo. Não entendo como pode uma coisa tão pura ser banalizada na boca dos que a julgam, sem nem ao menos senti-la. Não escuto mais as vozes gritando ajuda, as ouço pedindo perdão. Perdão pela falta de credibilidade, da arrogância ao se despir em frente ao espelho e não achar nada, além de ossos, carne. Não vejo miséria, eu a sinto em um pequeno espaço de tempo, e depois deixo ir. Burra e ignorante. Porque vejo nos rostos o tempo que passa, e parece estampado o arrependimento de algo, a vontade de ir além, de romper laços, de fazer diferente, de ser diferente. E depois olho por fora, pela casca, e vejo sorrisos falsos, achando que pela pouca experiencia não escuto em suas almas o grito. Não vejo desculpas para se libertarem. Eu por mim também me libertaria. Mas sei... Não podemos, Não podemos deixar de assumir uma posse para essa sociedade, Não podemos abaixar a cabeça para as dores, as aniquilações feitas. Mas fazemos, fechamos olhos, fechamos boca. Calamos tudo. Temos deveres e direitos que se resumem no fato de sermos números, friamente matemáticos, como o CPF e RG. Somos máquinas aos olhos superiores, e não é assim que funciona. A vida não precisa de rótulos, nem marcas. Precisa de humanos, sensitivos, alterados, radicais, medrosos, errantes.... Mas nunca puxados a ironia de nunca se culpar. E sim, culpados de tudo! Eu não entendo, porque não entendemos, que o problema não esta nos outros, mas sim dentro de nós.

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