O Herói pode ser o vilão?
Gotham City, uma cidade imaginária, onde o crime é constante e o equilíbrio entre o bem e o mal é mantido pelo protagonista Batman e o antagonista Coringa, um assassino, ou segundo Joel Feinberg “Doentio”. Com tanta fama dos seus filmes e fãs por todo o mundo o enredo deixa a duvida; Porque o herói não mata o vilão? Coringa friamente odiado por Batman, e em inúmeras chances, nunca assassinado.
Porque? Isso é o que muitos gostariam de saber e é por esta inquietação que estou aqui para avaliar junto a você, caro leitor, filosoficamente o que seria ético e moral, Matar ou não. O cavaleiro das trevas sempre recusou assumir tal ato afirmando que se o fizesse seria tão ruim ou criminoso quanto quem jurou combater. Esse ponto de vista citado é Deontologista, que defende que os meios devem ser justificados por seus próprios méritos. Um exemplo é o médico, que a forma com que ele medica seus pacientes justifica os seus resultados de alta, e junto a isso mérito da satisfação. Outro exemplo é o bandido, esse por outro lado mesmo se sentindo satisfeito, sabemos que o meio do qual ele usou para isso não foi correto, esse bandido por sua vez aos olhos dos essencialistas não agiu corretamente. Desta maneira fica justificada algumas ações do nosso Herói de capa preta.
Mas há um grupo chamado de Utilitaristas que dizem que o tal deveria fazê-lo para o bem maior e até para prevenir algumas mortes futuras. Ou seja, a maximização da felicidade resultante de nossas ações. O que se diz é: Para ser útil e sempre para o bem comum do resto da população.
Philippa Foot apresentou uma situação-problema elaborada por Judith Jarvis Thomson que se chamava “Problema do Bonde”. Não me refiro ao carro do Homem-morcego, mas sim uma suposição para analisar o caso de Coringa e Batman de forma clara e ampla. Essa teoria é abordada da seguinte forma: Um trem está vindo, e um homem está sentado observando e parece que tem três pessoas no trilho, que seriam mortas e que ele deveria desviar o trem mexendo na alavanca, mas na outra passagem havia também uma pessoa. Então, o que fazer? Ser utilitarista e matar apenas uma pessoa? Ou ser Deontologista e não se envolver para não assumir a culpa da morte de uma pessoa?
Neste caso o Gerói seria o homem a puxar a alavanca, e o Coringa a pessoa as ser morta. Mas essa é a questão. Sabendo-se que a pessoa era o coringa, valia a pena matar? Se ele era uma pessoa criminosa porque não acabar com isso? Porque não prevenir as vidas futuras?
Segundo a Ética e Moral as virtudes morais são traços de caráter mais apropriado de uma pessoa que faz ser boa e que consequentemente toma atitudes corretas com a Teoria das Pessoas Virtuosas onde o que importa é a atitude, e a teoria dos pensamentos e ações virtuosas onde o que importa é se o pensamento é puro e se a sua ação corresponde a ele. Batman odeia os criminosos e ama vê-los sofrer, com isso podemos concluir que ele sendo bom, não odeia de fato as pessoas. Talvez ele veja os criminosos da mesma maneira que vemos os nossos inimigos do dia-a-dia no trabalho ou na escola, adversários que devem ser derrotado, que desta forma servem a sociedade, mas que não tratados com desprezo ou falta de respeito por que são também pessoas como nós.
Porque o Batman não mata o Coringa? Como o vilão de Gotham City pode um dia chegar a se arrepender, mata-lo para o herói seria ser uma pessoa igual a ele, pois Coringa tem a escolha de mudar de ideia, e é por respeito a essa capacidade de fazer escolhas éticas que não podemos pré-punir as pessoas. Mesmo ela sendo o Coringa. Além de contas como toda a fantasia do mundo dos quadrinhos temos que entender que uma boa história precisa de uma boa ação. Coringa vivo nada mais é do que uma “carta na manga” do autor. Gotham City ainda terá muitos momentos de conflito sejam eles feitos por Coringa ou outro assassino. Batman será sempre o vingador, o homem da capa preta. O verdadeiro Herói que age eticamente, e procura sempre estar correto, e é por este fato que ele é adorado por todo o mundo a fora. “Um personagem deixa de ser história quando tem alma e fraqueza. Um bom personagem é aquele que luta e nem sempre vence, mas que inspira”
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